PROJETO DE LIVROS
Ladeira acima
Que barulho!
Parecia um trem que vinha lá de cima acompanhado por exageradas exclamações de euforia; “oooba!” “Hiiipe!”” Rummm!” “Iauuuum!”
Era a turminha do Netinho que vinha lá da vila operária, que, nas férias escolares de verão, desciam a ladeira asfaltada da rua Almeida e Silva, com seus carrinhos de rolimã. Eram apenas quatro carrinhos, mas que barulho…
E o pior é que quase sempre despencavam na descida, ao mesmo tempo, como que competindo numa corrida de automóveis.
Somando-se ao barulho a voz rouca de Dona América, de origem italiana, berrava – Moleques, parem com isso. Não se pode nem assistir a “televisón!” Vou chamar seus pais… Sem “educaçon”…
Mas que nada. A única coisa que amainava aquele trovejar era o tempo que os meninos levavam para subir a rua. Nem aí o silencio não era completo. Discussão sobre quem teria chegado primeiro, ou se alguém teria fechado a passagem de outro, eram acompanhadas pelo bater das tábuas e o tinir das rodinhas que tocavam o chão ao serem arrastadas para o alto da ladeira.
À medida que o tempo passava, esse alternar ruidoso ia se esticando.
A explicação era o cansaço da molecada ao longo de horas de desabaladas descidas e escaladas extenuantes.
Com tanta atividade, à noite, dormir era fácil. E mesmo dormindo, aquela louca aventura parecia continuar nos sonhos dos meninos pilotos. Neles ainda desciam velozmente, mas muito devagar escalavam o morro, tal qual câmara lenta de cinema.
Numa dessas tardes, Rui, um dos meninos, observando como os automóveis sobem facilmente a rua, propôs à tropa – Precisamos inventar um jeito de subir sem fazer tanta força. Deste jeito a brincadeira fica sem graça.
Depois de um espantado minuto, Zezinho berrou: Eu tenho uma idéia!
A gente arranja uma roda velha de bicicleta, põe o eixo dela no tampo do
bueiro da rua e passa uma corda bem comprida por ela. Amarra uma ponta dela no carrinho que vai descer carregado, e a outra ponta a gente engancha no carrinho vazio que estará lá embaixo. Assim podemos subir a ladeira sem precisar carregar nada. Não é uma boa?
A ideia brilhante do Zé iluminou as carinhas de todos os outros.
Eu sei onde arranjar uma roda velha de bicicleta exultou Edu. O espanhol do ferro velho é amigão do meu pai…
Bem a corda eu já tenho. Sobrou da reforma do telhado de minha casa disse Rui pouco entusiasmado. A idéia é boa, mas ainda temos que subir tudo a pé.
Dez minutos depois a turma lutava para instalar o estranho teleférico. Coloca aqui, calça dali, apruma acolá, apóia aí, escora o chassi, segura com arame a parte de cima do eixo, e pronto – eis uma geringonça a ser testada.
Quem será o corajoso piloto de testes?
Pode deixar, berra Zezinho, pulando pra cima de seu carrinho. Prendam um carrinho vazio na ponta da corda e o levem lá para baixo, enquanto eu amarro a outra ponta aqui no meu possante…
Tudo pronto? Pode soltar! E lá vai…
Parece que ia dar certo… o carro do Zezinho devagar, descendo, puxa a corda que passa pela roda de bicicleta e vai trazendo para cima o outro carrinho.
Mas a euforia durou menos que um segundo. A corda escapando da guia da roda, arranca fora toda a tranqueira da tampa do bueiro. Ao mesmo tempo o veículo do Zezinho, arrastado pela corda com ela se emaranha e enrola com a estranha engenhoca. Que bagunça!
Muitas tentativas após, sujos, suados, muito cansados, os meninos desistem e um a um, cada qual com uma desculpa mais esfarrapada que a outra, vai se despedindo. Cabisbaixos, vão para casa, levando consigo o agora muito pesado veículo de rolimã e a frustração do fracasso.
Nessa idade, decepções desse tipo são logo esquecidas, disse a mãe de Netinho, ao saber do caso. Vá tomar um banho e depois de jantar vá logo pra cama. Amanhã é outro dia e você inventa outra…
Apesar de cansado, não pegou logo no sono. Ficou matutando sobre o problema de voltar para cima do morro sem tanto esforço. Ficava imaginando como os automóveis subiam a Almeida e Silva sem nenhuma dificuldade.
Lembrou-se então, o que tio Manolo, mecânico, lhe havia ensinado a respeito dos motores à explosão. – “Dentro de um cilindro a gasolina entra misturada com ar e como uma faísca explode empurrando um pistão, que por sua vez, faz um eixo rodar e com isso também rodam as rodas do carro. Tão simples…
Cilindro?…Uma lata de massa de tomates é um cilindro… Ponho uma lata menor dentro dela, ligada a um eixo por um pedaço de cabo de vassoura e…
(Veja como o projeto do Netinho iria ficar depois de pronto).
E gasolina? Como arranjar gasolina? Mas gasolina é tão cara e perigosa…Que outra coisa poderia explodir dentro do cilindro? Nisso um cheiro de pipoca invadiu o quarto. Na cozinha, dona Vilma estalava pipoca para engolir com os programas da TV.
Ë isso! Exclamou Netinho. Pipoca para virar do avesso dá um estouro.
É a energia que eu precisava. E o que sobra? Em vez de fumaça, uma gostosura de pipoca fresquinha. É só catar numa caixa de papelão em baixo do motor… Quem sabe até vender pra molecada…Milho de pipoca, mamãe tem bastante, guardado na prateleira…
Mas tem outro problema… a faísca! Tio Manolo havia dito que no alto do cilindro uma vela fazia a faísca para a explosão.
É simples! Vou usar uma vela mesmo. Dessas de igreja.
Uma vela em cima do cilindro.
Faço um furo no topo da lata de tomates por onde entrarão os grãos de milho pipoca. A vela esquenta a lata e o danado milho estoura virando o eixo e a roda. Pronto, tudo resolvido…
Netinho já se via dirigindo o seu carrinho de rolimã para o alto da Almeida e Silva e se deleitava com a inveja dos companheiros de volante, e a admiração das meninas da paróquia.
Imagina até sendo entrevistado por repórteres de TV e de jornais.
Que maravilha! Fotos nos jornais, medalhas e prêmios em dinheiro e em guloseimas doces e salgados…
E já voava pelos céus…Porque tudo já vira sonho. E com uma enorme alegria no coração, Netinho cai num sonho profundo.
No dia seguinte, logo depois da escola, o garoto muito sorrateiramente, evitando a companhia dos colegas pilotos, rumou em direção do depósito de ferro-velho do seu Hernandes, o espanhol.
Não foi muito difícil arranjar aquelas latas. O resto ele já tinha espelhado no seu próprio quintal. Algumas marteladas, alguns cabos de vassoura serrados e a engenhoca estava montada. Ficou mais ou menos assim: –
Catou o combustível milho, uma caixa de fósforos e aquelas preciosas velas. Lá no fundo do quintal preparou o primeiro teste.
Mas como uma simples vela poderia fazer uma pipoca se revelar? O calor não era tão grande quanto a expectativa do menino. Que decepção!
Numa tentativa desesperada, Netinho lembrou-se de um restinho de álcool numa garrafa plástica no canto do banheiro.
Ele sempre soube que de maneira nenhuma criança alguma deveria brincar com álcool. Vira isso na televisão e na escola os professores sempre alertavam seus alunos quanto ao risco do uso desse liquido.
Mas ele era um cientista que estava preste a criar uma máquina incrível.
Iria arriscar-se em prol da ciência…
Botou um tiquinho em cima do motor com as velas acesas… Fluop!… Um flash de luz iluminou a cena, mas nada de pipoca estourada.
Irado e esbaforido resolveu aumentar a quantidade de álcool.
Afinal todo motor precisa de um arranque, um empurrão inicial.
Mas assustado com a primeira tentativa afastou-se alguns passos e temerosamente atirou todo o conteúdo da garrafa.
Bum!!! A dose foi demais… Num instante todo carrinho pegava fogo e o milho que estava sobre ele começou a pipocar.
E era pipoca que não acabava mais…
Uma hora mais tarde Netinho aparece no alto da ladeira, onde estão os seus companheiros, exclamando: – Tive uma outra idéia genial. Qualquer pessoa que estiver subindo a rua levar para cima o nosso carrinho vai ganhar um saquinho de pipoca inteiramente grátis!
Os meninos se entreolharam. Mas que idéia mais boba…Quem ia querer?
Foi então que reparam… Olha o carrinho do Netinho! Está todo queimado e remendado! O que aconteceu?
O garoto para não ter que explicar tudo ofereceu pipocas para todos os amiguinhos.
Aquela foi a tarde da pipoca no alto da rua Almeida e Silva…
fim
MEU AMIGO DE OUTRO MUNDO – Por Luiz C. Salgueiro
Olha a bola! …E a bola rola. …E é goooll ! Grita a Cléo.
Cléo é a irmãzinha de Renato, que também é a dona da bola
Tem só quatro anos. A bola não. Só tem dois meses. É novinha.
Uma linda bola de quatro cores.
Renato é muito esperto e apesar de ter apenas seis anos é muito bom de bola. Mas odeia jogar futebol com bola de mulher. Como não tem outra…
Ele e seus amiguinhos do prédio jogam quase toda a manhã , na quadra de tênis do condomínio onde moram. “Rê”, como ele é chamado na turminha, é quem organiza o jogo. Paulinho na defesa, Sergio e seus dois primos nas laterais. Rê, é claro, é o centro avante. Agora adivinhem quem joga no gol? Nada mais nada menos que o Bistéco. E sabem quem é o Bistéco?
Pois Bistéco é o cãozinho do Paulinho. Branco, quatro patas e um rabo muito irrequieto. Ele leva muita bolada, mas tá sempre rindo com aquela linguona de fora. É um cachorro frangueiro, mas muito esforçado.
E como nunca existiu um time adversário, eles jogam entre si mesmo.
Vale tudo, menos substituir o goleiro, que é também gandula. É sim.
É o experto Bistéco quem vai buscar a bola e leva um tempão pra fazer isso. Taca os dentes e as unhas sem dó, na pobre coitada, e sempre precisa de ajuda.
Foi num dia desses, mais precisamente num sábado muito bonito de sol, mas com muito vento, que tudo aconteceu…
Renato, Paulinho e o Sergio com seus primos jogavam bola, como sempre. Não sei se foi na defesa ou no ataque, que um fantástico chute foi dado. Bistéco, como sempre muito resoluto, saltou atabalhoadamente, mas sem sucesso. Espatifou-se no chão, mas logo, rindo como sempre, ergueu-se com aquela cara de sonso..
A pelota atravessou as redes que nunca existiram, passou por cima da grade da quadra, e sem olhar para traz, superou também o muro do condomínio.
Aquela coisa redonda e colorida, tomou um rumo desconhecido, misterioso, improvável, inconcebível mesmo.
O que haveria depois daquele sólido e frio limite?
Nunca ninguém da turma, sequer cogitara a existência de alguma coisa além daquele paredão. O que haveria lá? Um rio, uma avenida, uma floresta, uma indústria? Ou até um mar, quem sabe?
Fim de jogo. Mas a Cléo, que assistia da janela do apartamento, berrou de lá: Ei! Minha bola… Quero minha bola… quero minha linda bola…
Uma nuvem pairou sobre a turma desmilinguida. Como resgatar a bola?
Seria preciso uma escada, talvez? Dar a volta por fora do condomínio, por fora do quarteirão. Um quarteirão muito grande e acidentado por sinal.
Ficava no alto de um morro cheio de mato que dava a ele, contornos muito indefinidos.
Mas é claro! Quem é o grande responsável por todo o condomínio, senão o “seu” Júlio?
O zelador certamente. O “seu” Júlio, grandão e forte, conhece como ninguém as redondezas, (muito embora o quarteirão fosse quadrado, ah, ah. Redondezas de um quarteirão quadrado, essa é boa…)
Seu Júlio…Seu Júlio, a bola…entraram gritando na portaria.
Pode deixar. Eu vi a bola cair, disse o zelador. Amanhã vou procura-la.
Bem, pensou Renato, domingo a bola estará de volta, com certeza.
Mas domingo passou e o “seu” Júlio pouco foi visto. O jeito era jogar vídeo game na casa do Sergio. No entanto a Cléo não esquecia da sua colorida bola, resmungando e reclamando o tempo todo.
Não perturba, Cléo. estrilava Renato. O “seu”Júlio vai trazer logo, logo.
Veio segunda, depois terça, e quarta chegou, e nada de bola. Cléo, muito triste, já nem brincava mais, cobrando a volta de sua bola.
Só quando sexta feira anoiteceu, que o zelador apareceu, mas não trazia coisa alguma. Foi falar com seu Jorge, pai de Renato e Cléo, lá no seu escitório. A portas fechadas.
Renato só pode ouvir algumas palavras, quando o zelador já se retirava.
Dizia ele: …é outro mundo Doutor Jorge, outro mundo… Não é possível saber o que acontece lá… é tudo muito diferente.
Tudo bem, senhor Júlio. Não tem importância Amanhã cedo eu compro outra para a menina, falou o pai do Renato.
Grande mistério! Pensou o menino.
Que coisa estranha haveria por de traz daquele paredão? Um outro mundo? E que coisas acontece nesse mundo. Será que é um mundo de extra terrestres, ou de fantasmas de outro mundo?
Cléo ganhou uma outra bola até mais bonita que a primeira, com estrelas de várias cores, e maior. Seu sorriso e alegria voltaram, mas agora a nova bola só era jogada com suas amiguinhas, a Cristina, a Cecília, …Meninos não mais!
Renato, nem tanto aborrecido como intrigado, procurava entender aquele mundo que até o fortão do seu Júlio não conseguira desvendar.
Aquilo ficou martelando em sua cabeça, até que o Paulinho, falando de outra coisa, disse a palavra mágica: “Expedição”…
Expedição! É isso! Vamos fazer uma expedição àquele insólito mundo que, por traz do muro engolia bolas coloridas de meninas choronas… Vamos desvenda-lo, vamos conhecê-lo, e mostrar à todos, os seus mistérios, e também quem tenha seus brinquedos aprisionados.
Precisamos de um plano, diz Paulinho. Um plano e uma estratégia completa Serginho. Sim, claro, um plano estratégico e principalmente um trajeto, completou Renato. Daqui não dá pra ver como chegar além do paredão. Precisamos contornar algumas casas e encontrar um terreno vazio para lá chegar. Não poderemos ir de dia para não sermos vistos… E nem à noite, ponderaram os outros. Não veremos o caminho no escuro da noite, disseram.
Iremos à tardinha, mas levaremos lanternas para a volta. Eu tenho uma câmera de fotografia, exclamou Paulo. Se forem mesmo extra-terrestres, vamos fotografá-los, para provar sua existência.
E assim fizeram. Depois de algumas casas, um terreno à venda, abriu para a turminha o acesso à encosta do morro. Cheio de arbustos e pés de mamona, o horizonte vivível era muito próximo.
Na névoa da tarde, luzes verticais foram vistas. Olha lá! Olha…
Alguns vultos, movimentando-se, por vezes escondiam as luzes.
E Que é aquilo? Uma nave? Um disco? Mas é tão quadrado!
Com coragem, foram chegando mais perto.
Mas é… mas é.. é um barraco! Sim um barracão! As luzes vêm das frestas da parede. Será que os alienígenas estão construindo moradias provisórias?
Nesse momento um vulto escuro surge na penumbra entre os barracos.
É pequeno, é magro, é cabeçudo e veste uma espécie de macacão
Parece mesmo um ser de outro planeta.
A turma, petrificada, aguarda. Foram descobertos… E agora?
Ei vocês aí… Nossa, o ET falou !
ET? Quem é ET. Meu nome é Giba. O que vocês vieram fazer aqui? Paulinho interrompe: – Pêra aí! Agora é que estou vendo. Isto é uma favela! Olha quantos barracos… E tudo tão expremidinho…
…E onde os riquinhos do condomínio pensam que estavam? Em algum shopping? Perguntou o ET de nome Giba.
Renato, se dando conta do engano, logo explica: Viemos procurar a bola da minha irmãzinha que caiu aqui, outro dia…
Há esta hora? Retrucou Giba, desconfiado. E explicou; Eu vi uma bola cheia de frescura, cair do condomínio, semana passada. Está com um moleque do nosso time de futebol. Eu acho que ele não vai devolver, não.
Temos um jogo marcado pro sábado. Sem a bola ninguém joga.
Bem, não tem importância, diz Renato. Minha irmã já ganhou outra bola.
Só viemos ver o que havia aqui em baixo. O zelador do prédio disse que aqui é outro mundo…, tudo muito diferente…
E é…, completou uma voz rouca saída de uma janelinha de taboas, no barraco próximo. Entrem aqui para ver como vivem os favelados deste país. Isso mesmo, entrem, convidou Giba. É minha vó . Ta fazendo a janta.
Ressabiados, eles entraram. Puxa! Que pequeno. Já não cabe mais ninguém neste barraco. E é tudo junto, cozinha, quarto… E o banheiro?
É lá fora disse Giba. Um pra todo mundo. E as vielas, são muito estreitas, e sujas, descreve Dona Ernesta, a avó do Giba. Mas vocês devem ir pra casa agora, senão vão se perder no caminho. Está escurecendo…
Também acho, diz Giba, apontando para a saída. Eu ensino o caminho.
Boa noite Dona Ernesta. Boa noite, crianças. Voltem quando quiserem…
Isso mesmo, fala Giba. Porque vocês não vêm sábado de tarde, pra jogar bola com a gente, no campinho da fábrica abandonada? O guarda é nosso chapa. E ta faltando jogador mesmo.
Combinado!
Mas ao chegarem em casa, lá pelas seis e meia, encontraram na portaria a mãe de Renato e “seu” Júlio, ambos muito agitados. Por onde vocês andaram, perguntou dona Silvia. Isso são horas…? E quem é esse menino que eu não conheço?
Ele é o Giba, que mora nessa favela aí atrás.
Na favela? Repetiu dona Silvia. Vocês foram até a favela? Mas que perigo!
Nem tanto, interrompeu Dr. Jorge, que vinha chegando do trabalho.
Há tanto perigo numa favela quanto em qualquer rua da cidade. As pessoas que moram em favelas, não estão lá por escolha. A grande maioria desses moradores é tão, ou mais digna de respeito quanto qualquer cidadão de comunidades mais favorecidas.
O senhor falou como um político mesmo!
Muito bem! Gritaram todos. Viva o Deputado Dr. Jorge…
Menos eufórica, dona Sílvia, arrefeceu os ânimos: Crianças, pra cima já para tomar banho e jantar. E até logo, “seu” Giba.
Nisso, Renato lembrou-se do convite do menino, para o jogo de sábado.
E apelou: Mãe, mãe, deixa a gente jogar bola com o Giba? Deixa?
Não!…Bem não sei, vamos ver, ponderou dona Sílvia. Jorge o que você acha? Vocês terão que levar lanche para todos, sentenciou o pai. Oba!
…
Já faz muito tempo que aquele jogo de futebol acabou. Os meninos do condomínio perderam. Os meninos da favela ganharam. Ganharam o jogo e muito mais. Ganharam um Centro Comunitário completo, com escola, campo de futebol, quadra de vôlei, uma piscina e até um Posto de Saúde. Tudo graças ao empenho do mais novo Deputado do Estado – O Dr. Jorge.
Renato lembra agora, daquele jogo. Acho que não perdemos. Com certeza ganhamos. Ganhamos muitos amigos e uma cidade mais feliz.
E quando perguntado se acredita em ETs, responde: Aqui, na minha cidade, nunca existiram. Quem sabe alguns venham do espaço, para participar de uma “pelada” no campo do Centro ?
FIM
Proposta de livro ou história em quadrinhos como aula interativa de inglês.
COMO É GO$TO$O MEU INGLÊ$
criação:- Luiz Carlos Salgueiro
Abertura
Em algum lugar da floresta brasileira…
Sir Malcoln= Ei there. (ai-interjeição)
Cacique Uruma =Oba!
M=I am Malcoln Gordon from Haward University. ”Usted falar portuguese”?
U= Eu falo português sim senhor… e você que língua fala?
M =I speak ingles. I am inglesman. I born in the Britsch Island. I´m a antropologist.
Onever you seems do not speak like a native indian, rigth?
U= O “seu” gringo, não entendi nada a não ser “antropologist”. Antropologista aquele que estuda a origem do homem, certo?
M= Yes, yes! “A senior não parecer” uma “been mutcho primitiva”…Have you a superior instructions? Have you study in College or have any universitaire knowledge?
U= Se entendi, sim estudei em colégio e universidade. Me formei pela internet. Minha oca tem uma parabólica e fiz faculdade no Rio de Janeiro.
M= Ooh! Good, good. Probabily because that you speak like a “carioca”
But you dont understand or speek any ingles, rigth?
U= Inglês? Em inglês só sei umas coisinhas tais como ;-
Ao aluno -(escreva neste espaço as palavras em inglês que você conhece>)
U= Eu gostaria de entender e falar corrente e corretamente sua língua. Ela é muito importante nos dias de hoje. Com certeza uma língua universal…
M= Yes, yes, isso…isso. I can help you if you true want learn my linguage.”Eu ajudar senior indian with my idioma, ok?
U= Então tá. O senhor me ensina inglês e eu lhe ajudo nos seus estudos antropológicos falando dos costumes das tribos da região, das tradições e também das coisas da natureza dos segredos da floresta, sua flora, dos animais, das lendas, etc. O mister Gordo aí também não fala portugues bulhufas também né?
M =Gordon, senior Uruma.
M= Falar portuguese? No mutcho, but some spanish I understand. Are both latin languages so there are very similarieties between its.
U = Desse jeito vamos levar anos tentando falar um a língua do outro….
M = I bag your pardon… senior. Anos!?
Bah! Vê o que acontece? Deixa ver aqui nesse seu “pai dos burros” – Olha aqui anos; “iear”
M = Oh yes! -Year. Take too many time. Twelve months…
U =Montes?… eu sei do que…
U= Ok. O português vai também no pacote.
M= Pacote? Ah pacage! Wonderfull. Its fantastic association. I must begin if you please. So a give to you this important tool! A litlle ditionaire “português-inglês” that you just call “burro´s father”, with a school book a pencil and a ruber. All its a gifth to you and your family.
U= Ok mister Malcoln, tank you. Então por onde começamos?
M =Maybe we should start just from this; You know what is the name of this object? This is a pencil.
U= Morei. O que é isto? Isto é um lápis. Legal!
U= Mas mr Malcoln, eu ouvi dizer que o inglês dos Estados Unidos é diferente do falado na Inglaterra.
M= Yes, its true. Its happens like a portuguese language talk in Portugal and portuguese that brazilians speaks.
M= Because that problem I will invite my work guide assintant, mr Mike that is american from Texas, to help us.
U= Não entendi nada, mas acho que o cowboy ali vai entrar na jogada.
M= Jogada? Juego? Game? Is not a game, but we will considerate so, if you want.Ok?
U= Ok, mister. Se isso é um “pencil” como posso chamar isto aqui?
M= This is a schoolbook. School is a “escola” and book…
U= …Uma “scul-boca?”
M= No no, my friend indian. Book is a think that you call “livro”, from latin “libro”
U= Então isso é um livro escolar? Aqui chamamos de caderno!
M= “That!”… this is a “caduerno” or schoolbook.
U= Já começou a complicar…Então isso deve ser um “borracho” não?
M= Ah!ah! Ah!… Oh senior indian, you are very funny, ah ah….
M= “Borracho!?” Borracho is who that drink a lot in a bar.
M= This is a ruber. A single ruber senior Uruma.
U= Tá bom, mister. Um dicionário, um lápis, um caderno e uma borracha.
Meu filho Cauê tem um livro, um “book” da primeira série que contém várias imagens. Basta o senhor escrever do lado delas seus respectivos nomes em inglês e aí vou decorando.
(Ao Aluno- inserir várias imagens de objetos, animais, etc, com espaço ao lado para anotações)
M= Good idea senior Uruma. It is also a good oportunity to talk about your family.
Cauê is your son, correct?
U= Ô mister. Som é o que sai da (flauta do cuarupe) ou do rádio.
M= No, no… son means “filho” in ingles. And you-”você”- is his father or dad of Cauê.
U= Entendi;- Sou o “fader “ou dad dele – digo; o pai dele. Certo?
M= …And his mother is…what? Q?
U= Deve ser a mãe. – Se fala “moder” né? Muirê é a “moder” de Cauê
M= Muirê is she´s name? But mother we write this way
(Ao aluno -escreva corretamente – mãe, pai, filho em inglês)
M= Very well. In our dialog you could see a litlle of grammatic itens.
For sample some fews personal pronoms.
Please, try identificate the folows;-
My – Your – Our – His – She
(Ao aluno – relação na vertical com espaço para tradução)
U= Mister Malcoln, a coisa vai pegar. Tô vendo que as letras não tem o som que nós aqui usamos.
U = Vamos começar pelo mais básico. O som das letras, tá bom. Em escrevo aqui no chão mesmo e “usted” me díz o som de cada uma:>-
(Ao Aluno – relação das letras e respectivos sons)
U =Onde já se viu… o “a” tem o son de “ei”, o “i” de “ai”.
M =Its depend. Some times thats sounds is like the same in your language. We wil see forward.
U =Eu tenho uma ideia. O Valdir, aquele funcionário da FUNAI que o senhos conhece pode me emprestar o gravadorzinho dele, assim vou poder associar o que está escrito com a pronúncia correta.
M= Excellent idea! I know senior Waldyr. Very gentle one. But you must put a number in each word and repeat that number in the record.
U= Number? Número? Ah! Entendi. Escrevo “father “(1). Na gravação ouço “fader um”. Escrevo “mather (2) e o som correspondente tenho “mader dois” e assim por diante.
M= This method is a litlle complicate, but it wil be usefull until you get that association in your brain. Then no more wil be nescessaire.
U =Tecnologia pífia…
M = Please mister Uruma, speak ease.
U = Melhor seria ter um notebook à mão.
M = Oh yes! A Laptop! Misses Sylvia, my secretaire have one. But there are a problem with she…a serious problem.
U =Problema sério? Ela tá sem bateria?
M =Ah!Ah! No my fiend. She have a lot batery charge than its laptop have.
M= The problem is you. “Usted senior cacico”.
U = Eu? Pois eu nunca vi dona Sylvia.
M =Even misses Sylvia see senior Uruma, but she knows that you almost time stay without closes. You still all the time half naked, and she have thats traditions costumes of old England when man and woman must very well dresses in comunity.
She wil be very shame for your apparence.
U =Deixa ver… o sr Gordo falou “neiqued”. Aqui no dicionário tem “naked” com K. É isso? Pelado? Nú?
Ela se sente envergonhada porque eu estou pelado ou quase? Uai! Ela tem seus costumes e eu tenho os meus, ou os do meu povo.
M =You could make ease our friendship if you put at less um simple short, and please mister Uruma- Gordon is my name. Malcoln Gordon Shermann. Por favor.
U =Desculpe mister. Na verdade de gordo você não tem nada.
M = I know “gordo”. Gordo is “flat” and I am very “fin” so help me God.
U = Mais algumas palavras… naked, flat, fin. Estamos indo bem até sem o notebook.
M =Came back to the Silvya`s problems. Do you should dress a pence like a short?
U= Chorte? Taí! Chorte é uma palavra de origem anglo-saxonica, não é?
M =Yes. “Short” means no long.
U = Então chorte quer dizer curto? Tá certo. O que não é longo é curto…Vou botar o meu já já. Pode buscar dona Sylvia e seu Note book.
M = I wil wait you just ear.
Minutos depois….
U =Que tal senhor inglês eu fico com esta coisa?
M =Nothing very elegant I could say, but accetable for misses Sylvia`s principals. She wil be here soom.
U =Estou ficando confuso mister. Afinal me chamou de filho? Son?
M = No, no. Be attention. Look at the dicionarie. I wil consulte it too.
M =Here it show > son = filho. We read “san”.
U = Muito engraçado. Se escreve “son” e se lê “san”.
M =Engraçado? Fanny? I agreede. And have more. That word that you call “sol” have the same sound “san”. But when you want say the name of that star you must put “the” before.
So you can say;- Your son is under the sun. “Sua filho estar sob a sol”
U =Opa mister.Tanto meu filho quando o sol são machos. Diga sempre :”O sol” e “seu filho”.
M = Sorry. Very sorry.
U =E quanto esse “sun” que o senhor disse quando se referia a dona Sylvia?
M =”Soom”! Let me see. Soom means “breve” and some cases means “fast” or “rápido”. In ingles we have “rapid” too. Came from latin of corse.
U =Ainda há aquele caso do son da flauta, mister.
M =There is no doubt about it (*). That is a sound. You must read > “saund”
U =Assim não dá. Precisamos criar um método.
M = I agreed mister caciq. Onever here came my secretaire. Well come miss Sylvia.
U = Benvinda dona Sylvia. Chegou bem na hora.
S = Pleaser to meet you mister cacique Uruma.
U =O prazer é todo meu. Fique à vontade.
S =Oh no! I am very well with closes. Thank you.
M =Silvia, he only said to you make confortable, not to be udresses. Its a costume express that way. Like stay in home or some this…
S =Ah! What full I am! What shame… I bring the laptop (sorte)
(Ao aluno> Vamos ver se você identifica todos os verbos que há neste diálogo até agora)
U = Vamos começar tudo de novo. Dona Sylvia o seu laptop grava o som também?
S = Som? Yes. Sounds and images too. I can also put a dicionaire by side of the screen.
U = Uma dúvida. O seu portugês é tão bom quanto ao do mister Gordon aí?
S = A litlle… um pouquinho, senior.
M =We are lost gold time. Soom the sun go on and at nigth I and miss Sylvia must stay in the camp of FUNAI. We can use that cyber machine rigth now. Do you agreed?
U =Sun…sun…sun..sim. Se entendi vamos continuar antes que o sol vá embora.
(*) – Expressão idiomática (Veja definição ao fim do curso)
AMIGOS ESQUECIDOS
Por Dirce M Salgueiro
Que tarde difícil para Rogério. Levou uma bronca danada da empregada Geralda: Se não guardasse os seus brinquedos todos, nos seus devidos lugares, não teria sobremesa de gelatina de morango no jantar.
Mas, o que deixou Rogério mais preocupado, foi a estória que a Geralda
lhe contou… “Os brinquedos também têm coração e sentimentos”,disse ela, “e os seus vivem jogados, sujos, pisados e quebrados por todo canto.
Qualquer dia desses, eles, sem que você veja, fogem e irão morar em outra casa. Talvez numa casa pobre, onde vivem crianças sem brinquedos.
Naquela noite, Rogério demorou muito para pegar no sono, e viu, então, um boneco, sem braço, cochichar para o motorista de seu caminhãozinho de bombeiros sem rodas: “ei amigo, que tal você me dar uma carona para a gente cair fora daqui?” E, de dentro do caminhão, alguém respondeu; Vamos nessa, mas convide também aquele aviãozinho sem hélice, o ursinho sem um olho e aquele cavalinho perneta para virem com a gente…
Rogério, espantado, olhando por baixo do travesseiro, via a estranha fila de brinquedos, saindo pela porta de seu quarto. Até aquele taco de beisebol que ganhou da tia Marieta-tá-tá, carregado pelo carrinho de rolimãs, feito pelas mãos mágicas do vovô Raul.
Por mais que fizesse força, não conseguia levantar-se da cama. Tentou chamar aqueles fujões, mas por mais que abrisse a boca, nem um som dela saía! Cansado, prometeu a si mesmo, guardar, limpar e consertar todos seus amiguinhos brinquedos, logo pela manhã no dia seguinte.
Mas, então, cadê ? “GERALDAAAAAAAAAAA” gritou e gritou, por várias vezes até que a esbaforida e espantada figura da doméstica, entreabriu a porta do quarto… “Que foi? Que foi Rogério de Deus?
Todos os meus brinquedos fugiram, foram embora ontem à noite. Eu vi…
Eles foram morar em uma casa onde as crianças não têm nenhum brinquedinho… lamentou, chorando o menino.
Ah, é isso? “Seu” bobo. Você sonhou !
Então, aonde eles estão?
Foi seu avô, criança. Enquanto você dormia, ele pôs um olho novo de botão no ursinho, colocou uma hélice de lata no aviãozinho, fez um braço de papelão para aquele boneco super herói, colocou rodas de tampinha de cerveja no caminhão de bombeiros, lubrificou as rolimãs do carrinho e até limpou e pintou algumas faixas coloridas no seu taco.
E… estão onde sempre onde deveriam estar; no seu armário de brinquedos.
OOOOba! Gritou Rogério. Vou dar um beijão no meu “vô” agora mesmo.
Ele fez isso, e prometeu para a Geralda, por todas as sobremesas mais gostosas do mundo, tomar muito mais cuidado com todas as suas coisas, brinquedos, livros cadernos, lápis de cor e tudo mais, inclusive suas roupas e sapatos. Tudo muito limpo arrumado e guardado.
A Geralda, sorria quando saiu do quarto e pensava; – nem sempre um pesadelo tem resultados ruins…. pode até ser um sonho bom!